Os testículos são gônadas, ou seja, glândulas produtoras de hormônios e espermatozóides nos homens e normalmente são em número de dois e armazenados na bolsa escrotal ou “saco” como é mais conhecido pela população. Os testículos podem sofrer diversos tipos de doenças benignas e malignas e o foco de nossa explanação hoje serão as doenças malignas dos testículos ou cânceres dos testículos.
O câncer de testículo é o tumor de maior prevalência entre os homens jovens com idade entre 15 e 35 anos e com alta chance de cura nos estágios iniciais da doença. Inicialmente pode surgir como um nódulo ou pequena tumoração, geralmente indolor e acompanhada apenas de uma sensação de peso na bolsa escrotal. O autoexame pelo próprio paciente é muito importante para que o mesmo detecte alguma alteração que geralmente aparenta ser um caroço no local e posteriormente procure um médico para maiores esclarecimentos. O autoexame deve ser feito preferencialmente com o paciente despido, em pé e com a palpação da bolsa escrotal com as duas mãos para que uma mão segure o testículo e a outra palpe cuidadosamente o testículo em busca de alguma alteração na forma, na consistência ou no tamanho do testículo. Durante o exame físico pelo próprio paciente ou pelo médico assistente a presença de hidrocele (água na bolsa escrotal) pode ser detectada em até 20 % dos casos e isto pode dificultar o exame físico especialmente por parte dos pacientes.
Como complementação do exame físico devemos lançar mão do exame de ultrassonografia de bolsa escrotal com doppler, que tem alta sensibilidade para massas tumorais nos testículos e também para outras doenças inflamatórias que são diagnósticos diferenciais dos tumores, tais como orquites, epididimites, hérnias, varicocele e cistos de epidídimo. Além da ultrassonografia, alguns exames de sangue são importantes para elucidação do diagnóstico e norteiam inclusive o tratamento e prognóstico dos tumores de testículo. Os principais fatores de risco para desenvolvimento de tumores nos testículos são:
I – testículos criptorquídicos ou ectópicos = são os testículos que não são palpáveis na bolsa escrotal e se localizam na região inguinal ou até mesmo dentro da cavidade abdominal;
II – Pacientes que tiveram tumores previamente no outro testículo;
III – Pacientes com história familiar positiva em parentes de primeiro grau (pai e irmão).
De forma resumida os tumores de testículo são divididos em seminoma e não seminoma. Esta classificação é baseada na origem embriológica dos tumores e tem um papel importante para o tratamento dos pacientes.
O tratamento inicial após a comprovação do tumor é a orquiectomia, ou seja, a retirada do testículo acometido pela doença. Tecnicamente falando trata-se de uma cirurgia de médio porte e que deve ser realizada pela região inguinal do paciente como forma de prevenir que células malignas se disseminem para a corrente sanguínea e se implantem em outras áreas, que são as chamadas metástases. Um ponto muito importante antes da cirurgia e da quimioterapia se for necessária, é a orientação dos pacientes que desejam constituir uma família para coletar e armazenar espermatozóides em clínicas de fertilidade para no futuro tentar técnicas específicas de gravidez (fertilização in vitro). O tratamento complementar do paciente dependerá do tipo histológico de tumor de acordo com o laudo da patologia que definirá se existe necessidade de quimioterapia ou radioterapia. Como a maioria dos pacientes ainda está na idade jovem, entre 15 e 35 anos, o ideal é que o acompanhamento seja realizado de forma multidisciplinar, envolvendo oncologistas, urologistas, psicólogos e médicos especializados em reprodução humana para que a qualidade de vida e as expectativas de paternidade sejam as melhores possíveis.